O Abismo e o Eu

"Quando se olha muito tempo para dentro de um abismo, o abismo olha para dentro de você." 

- Friedrich Nietzsche

Quando olho para o Abismo ele me envolve,
Passo a fazer parte desse vazio e dessa escuridão.
O Abismo toma tudo o que eu sou, me consome...

Quando olho dentro de mim, vejo o Abismo.
Aguardando a minha entrada, adiante vou seguindo...
Eu olhei muito para o meu Abismo, na esperança de no seu fundo encontrar quem eu sou.
O Abismo me abraçou e também a minha escuridão interior.

O escuro deforma a forma que não se transforma...

Em silêncio, na escuridão. Perco a noção: de espaço e contorno; De individuo e do entorno;

Me torno um com o escuro. Sem corpo, sem forma, sem profundidade própria.
Não me sinto individuo, pois no abraço do abismo me encontro acolhido.

A escuridão que em mim reside se liga a escuridão de fora,
O Abismo que eu tanto observo,
Me finta de volta...

...E quando percebo, estou de frente ao próprio Abismo,
Que ressoa o meu vazio,
Que ecoa o eu sozinho.

O que fazer quando o Abismo te olha de volta?

Eu sei...

Desesperadamente me joguei,
Naquele profundo breu me encontrei,
O que mais eu temia, me tornei...
Entretanto o Abismo EU dominei.

Sai de lá como quem sai de um poço de mácula, negro e sem fundo.
Aceitei toda a tragédia em mim.
O carrego com pesar, mas satisfeito.
Porque hoje, quando o Abismo me olha de volta...

Eu aceito seu ensejo.

-Iktsuarpok

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